“Lá vem o Cupincha na ponta da cancha, solta o boi na boca da caixa que a armada é boa e sensacional!”
Era assim que o narrador Éder Azeredo, o “Canhão do Vale”, anunciava, nas tradicionais provas de “tiro de laço ou laço cumprido”, a participação de Fabiano Cândido da Silva, o Cupincha, um dos participantes do Rio Grande do Sul no Ipês Off Road 2021.
Nascido em Esteio, passa a maior parte do tempo em Nova Santa Rita, a 19km da capital Porto Alegre.
A integração entre os pilotos mineiros, gaúchos, paranaenses e catarinenses é um dos grandes “baratos” da prova nos últimos anos. E é integração completa, dentro e fora da trilha.
Conversamos com Fabiano sobre este e outros aspectos interessantes proporcionados de maneira muito especial pelo Ipês Off Road.
Como você está analisando essa proximidade maior nos últimos anos entre os pilotos do Sul e de Minas Gerais ao participarem das mesmas provas?
“É muito importante esta integração entre os pilotos do Rio Grande do Sul, e também de Santa Catarina e Paraná. São pessoas boas, amigas, que querem o bem umas das outras. Essa paixão pelo off Road e regularidade traz essa proximidade e as pessoas são acolhedoras tanto no Sul como em Minas há uma reciprocidade de recepção. De engajamento, de pensamento. As pessoas pensam no bem comum, a coletividade em primeiro lugar.”
Você disputou o Ipês Off Road pela primeira vez em 2020. Todos falam muito das pedras ao longo do percurso nos dois dias de prova. Pela expectativa que você tinha sobre essa questão, foi realmente complicado demais esse tipo de terreno ou encarou tranquilo?
“Foi o enduro mais desafiador da minha vida. Sou um piloto de regularidade amador. Não sou piloto de ponta, sou o cara que distribui as informações do enduro, que incentiva os demais pilotos a ir para as provas. E não foi muito tranquilo fazer esta prova. O calor desgastante, sem sombra – a gente tem muita sombra e muito verde aqui e lá (em Lavras, no Ipês) as pedrinhas não aparecem no visual, tem muita pedra, mas a moto quica bastante.”
O que mais marcou você em sua participação no primeiro Ipês justo no ano em que a prova completou 20 anos de realização?
“O que mais me marcou foi a recepção. Fomos muito bem recepcionados pelo Lúcio e por toda a equipe. Pessoal nos tratou de uma forma espetacular. Fizemos um acampamento muito aconchegante, todo mundo à vontade, sorrindo, querendo estar ali numa participação de um enduro onde só se tem amigos. O que ainda não é amigo vira amigo e essa é a melhor coisa que tem no enduro.”
Na parte da trilha, algo em comum nas trilhas mineiras e gaúchas?
“Os visuais são diferentes mas encontramos tanto no Rio Grande do Sul como em Minas Gerais visuais alucinantes, de deixar qualquer um com água na boca. O solo é bem diferente, aí tu anda com qualquer pneu, aqui tu tem que tem um pneu mais macio para poder andar”
Na parte fora da trilha, até das conversas entre gaúchos e mineiros, alguma brincadeira entre os pilotos? Por exemplo: se falamos em Sul pensamos talvez logo em churrasco e chimarrão, em Minas temos o queijo, o feijão tropeiro e – dizem – até a fofoca nas cidades pequenas como marcas registradas. Não só na culinária mas em outras situações, o que observa?
“Sobre as fofocas dos trilheiros tem o uai e tem o tchê. Mineiro gosta de contar vantagem bastante. Tem um mineiro que se instalou em terras gaúchas, ele olha para trás e diz: “Cuidado procês não agarrar barro aqui não…” Mas é uma mistura fantástica. Nós gostamos muito dos mineiros e acredito que eles gostem de nós também. Churrasco é conosco, queijo é com vocês, pão de queijo, que coisa mais gostosa essa culinária mineira. Esperamos estar juntos mais vezes. Abraço e deixo aqui o meu recado. Fabiano Cupincha chegando aí, estaremos juntos no Ipês (Off Road) e no (39º Enduro da) Independência, se Deus quiser, de forma sensacional.”
E por último a pergunta que não poderia faltar: por que o apelido?
“Cupincha é um apelido que foi gerado num episódio da tentativa de criação de uma cabanha de equinos. Foi chamada de Cabanha do Cupincha. Meu irmão foi o idealizador da mesma. Cabanha é uma fazenda que cuida de alguma linha da pecuária. Casa de cavalo, cria uma determinada raça com métodos e pastos adequados a cada espécie e instalações próprias para assegurar higiene e descanso aos animais. Cupincha é o indivíduo com quem se tem amizade, companheirismo, camarada. E nesse meio campeiro, como chamamos aqui no sul, eu me arriscava no famoso tiro de laço ou laço cumprido conhecido no sudeste e centro oeste. Eu era chamado pelo narrador amigo meu “EDER AZEREDO-CANHÃO DO VALE”, pelo nome e apelido, Fabiano Cupincha… Me inscrevia nas competições assim. Por fim, me chamavam de Cupincha.”
(detalhe: nosso entrevistado é locutor também “por esporte”, como define. Fazia premiações das provas no Sul e no Paraná)
Cá entre nós, amigos. Essa entrevista com o Fabiano Cupincha não acabou se transformando numa ótima oportunidade de conhecer um pouco melhor algumas peculiaridades bacanas dos gaúchos?
Valeu, Cupincha! Seja sempre bem-vindo ao Ipês Off Road.
Texto: Ivan Elias – Misto Quente Comunicação
Fotos: arquivo pessoal
Coordenação: Lúcio Pinto Ribeiro